Dedica-se à Investigação e Desenvolvimento de Software para a indústria e comércio em geral. Criada e inserida no Grupo em 2010.
Saber maisAquisição em 2004 da totalidade do capital social da EUROPESAGEM - Comércio Internacional de Balanças, Lda, empresa especializada na distribuição de equipamentos de pesagem comercial e industrial (Fundada em 2001).
Saber maisRepresentante oficial da marca alemã ESPERA, de equipamentos de pesagem e etiquetagem. Criada em 2011.
Saber maisCom quase nove décadas de história, a Antero e Cª tem traçado um percurso marcado por uma constante evolução, no mercado do ferro. A integração no Grupo Hiemesa significou uma viragem na expansão desta empresa que é, simultaneamente, cliente e fornecedora da Balanças Marques. Fique a conhecer um pouco mais da sua história e do seu negócio, através de uma entrevista com o diretor-geral, Afonso Ribeiro.
Pode fazer um pequeno resumo da história da Antero e Companhia?
A origem da empresa remonta a 1928. Começou no centro do Porto, nas ruas típicas da distribuição, naquelas pequenas casas de ferragens que existem ali. Era de uma família, cujo proprietário principal se chamava Antero. Aquele negócio, muito porta a porta, foi crescendo e, em determinada altura, fizeram um armazém, já nos anos 50, aqui em Vila Nova de Gaia, em Coimbrões.
Mais tarde, a família vendeu o negócio à Soares da Costa. Posteriormente, no início dos anos 90, quando o grupo Hiemesa, de Barcelona, que já tinha várias empresas em Espanha, quis ter um ramo em Portugal, adquiriu esta empresa à Soares da Costa, porque já estava minimamente montada e tinha já um princípio de trabalho.
O que mudou com a integração no Grupo Hiemesa?
O Grupo Hiemesa revolucionou completamente o negócio. Esse armazém em Coimbrões era uma coisa muito pequenina, sem grande capacidade e foi completamente substituído. Foi criado este, aqui em Avintes, onde estamos agora, já com um layout adequado às necessidades do negócio do ferro. Foi também adquirido um outro armazém em Vila do Conde, que ainda temos. Passados três ou quatro anos foi feito outro armazém, na Mealhada. E, finalmente, há cerca de seis anos, construímos também um armazém no Sul, na zona das Caldas da Rainha. Portanto, foi aqui que se deu o verdadeiro crescimento da empresa.
Quantos funcionários tem a empresa?
Estamos a falar à volta de 80 pessoas, nas quatro delegações que temos.
Qual foi o volume de faturação em 2015?
O volume da faturação da empresa foi, no ano passado, de cerca de 32 milhões de euros.
E qual é a principal área de negócio?
Temos dois negócios: a área do ferro, propriamente dito, que é onde as básculas são mais utilizadas e um negócio lateral, um cross-selling, que é a área das ferragens, através do qual vendemos consumíveis, máquinas, ferramentas, produtos de segurança, entre outros produtos...
Nesta área abriram, inclusive, uma loja online…
Exatamente. Há cerca de um ano e meio, mais ou menos, abrimos uma loja online, que também fazia sentido, não só em termos de divulgação, mas também de vendas, porque há clientes que fazem compras pela internet. No fundo, quisemos também tentar abrir um pouco o leque e o mercado. Ter também uma ferramenta mais expedita para pequenas encomendas.
Como tem a empresa atravessado a conjuntura económica dos últimos anos?
A faturação tem baixado nestes anos. O ano com mais vendas foi em 2008 e reduzimos significativamente, porque o mercado caiu. O que nos tem ajudado nesta fase é, sobretudo, estar próximo dos clientes que conseguem fazer uma coisa que nós não fazemos: exportar. Nós somos uma empresa interna, virada mais para o mercado nacional, mas os nossos clientes são exportadores.
Além de Portugal, vendem em mais algum país?
Estamos essencialmente no mercado nacional, mas também vendemos alguma coisa no estrangeiro, sobretudo no norte de Espanha, na Galiza. Mas pouco, porque o mercado espanhol também passou por dificuldades muito grandes.
E não pensam em exportar?
Nós diretamente não podemos, porque exportar implica ter armazéns de distribuição local nesses países. Indiretamente, sim, às vezes há empresas no exterior que adquirem material aqui, mas é difícil. O objetivo da Antero e Cª é vender às empresas em Portugal. Mas a maioria dos nossos clientes, como é o caso da Balanças Marques, depois vendem no mercado estrangeiro os seus produtos e assim conseguem estar no exterior. No fundo é esse o negócio que nos interessa: ser exportadores, indiretamente, através dos nossos clientes.
São clientes da Balanças Marques há alguns anos. Quantas básculas têm?
Temos uma báscula em cada uma das três delegações: Avintes - Vila Nova de Gaia, Mealhada e Caldas da Rainha. Já temos uma parceria convosco há muitos anos e conhecemos muito bem a empresa. Somos, simultaneamente, clientes e fornecedores. Conhecemos todas as pessoas dentro da empresa e é um cliente que gostamos de acarinhar.
A báscula que temos aqui tem cerca de dois ou três meses. Tínhamos uma, que veio desde a origem do armazém, dos anos 90, mas com o desgaste natural da utilização, foi necessário trocar. Colocámos um modelo mais moderno, que nos foi aconselhado pelos Vossos serviços técnicos [PCM M1500]. Percebemos que é um produto com bastante qualidade e foi um bom investimento. Foi relativamente simples substituir a antiga pela nova e a adaptação da infraestrutura também foi relativamente fácil. Depois, aproveitámos também para renovar a parte dos utilizadores, trocámos o visor, onde aparecem as medições, e alterámos também – já não tem a ver convosco, mas aproveitando – as câmaras, colocando um visor mais moderno. No fundo, foi uma adaptação às novas realidades.
Em que ações são usadas as básculas?
Para pesar material que sai e que entra. Fazemos um controlo da pesagem dos camiões que vêm dos nossos fornecedores e, quando saem daqui, têm outro controlo de pesagem, porque é a nossa credibilidade junto dos clientes que está em causa. Queremos que eles vejam que os produtos são bem pesados. São balanças aferidas, tudo com rigor. São um serviço extra que prestamos ao cliente. Alguns têm báscula e podem verificar, mas há muitos que não têm e, por isso, a nossa credibilidade no mercado também passa por aqui.
Quais as principais dificuldades que uma empresa como a Antero e Cª enfrenta em Portugal?
Quando o mercado interno do setor da metalomecânica caiu, a maior parte dos nossos clientes teve que fazer essa viragem e, no fundo foi isso que manteve o setor. Senão as coisas seriam bem piores. O setor da construção civil, puro e duro, teve um abalo muito grande, porque houve empresas que não conseguiram sair para o exterior. Na área da metalomecânica os consumos do aço são feitos internamente.
Tem sido muito discutida a questão de importação de aço da China. Também afeta a Antero e Cª?
Sim. Aliás, todo o setor. O nosso mercado natural de compra é a Europa, sobretudo a Península Ibérica, mas, com as quebras nos consumos, que se verificaram a partir de 2008, passou a haver uma produção local excessiva. Isto implica que haja bastante pressão sobre o preço do aço dos fabricantes e, por isso, vivemos continuamente ciclos de fortes subidas e descidas nos preços. Esta situação agravou-se no ano passado, a partir do verão, quando o Banco Central Chinês desvalorizou muito a moeda chinesa. Com a desvalorização da moeda, o preço do aço da China, que já por si era barato, tornou-se muito agressivo nos mercados internacionais, num espaço de três ou quatro meses. Em meia dúzia de anos, a China deixou de ser um dos principais compradores, para passar a ser um dos principais exportadores de aço mundiais, pois produz mais de metade do aço mundial, hoje em dia. Mas como o crescimento económico chinês abrandou nos últimos anos, o mercado chinês ficou com excesso de produção de aço e a tendência natural foi exportar.
Por estes motivos, a partir do verão do ano passado, há cerca de um ano, começou a chegar à Europa muito aço vindo da China, com preços muito, muito baixos. Isso levou a uma deflação brutal do preço do aço, o que tem consequências gravíssimas, pois se os fabricantes europeus já tinham dificuldades, quando surgem produções massivas vindas de fora, e com preços tão baixos, é uma condenação de todo o setor a curto prazo. Há notícias do início do ano, por exemplo, que dão conta de como todo o setor do aço na Inglaterra passou por dificuldades imensas, com encerramento de muitas das fábricas aí existentes. A Inglaterra, que não está no euro, tem uma moeda muito forte, pelo que o seu aço fica caríssimo, portanto, não conseguem ter muita competitividade. E isto levou a problemas muito graves.
Entretanto a União Europeia demonstrou-se também preocupada com esta questão e prometeu tomar medidas…
Exatamente. Porque, das duas, uma: ou o setor do aço implode, porque a maioria dos fabricantes não irá aguentar; ou então aparecem algumas barreiras anti-dumping. As notícias que começaram a surgir a partir do segundo trimestre, é que, efetivamente, a Comissão Europeia já começou a estudar alguns anti-dumping’s. Nalguns produtos já saíram inclusivamente alguns anti-dumping’s, agora interessa perceber se realmente se vão estender isto a outros produtos. Em princípio sim. É evidente que já temos algumas movimentações do lado dos chineses.
Por outro lado, existe a possibilidade de, no final do ano, a China ser considerada como um país de economia de mercado dentro das regras do comércio livre da OMC – Organização Mundial do Comércio, o que põe problemas à colocação dos anti-dumping’s. Este prazo está a aproximar-se rapidamente, portanto há aqui um período de incerteza. A expetativa do mercado é que sairão alguns anti-dumping’s, o que fará com que seja possível às empresas fabricantes europeias viverem de uma forma mais saudável. Se isso não acontecer, depois, há o risco do aço voltar a cair para níveis muito baixos. E claro que, hoje em dia, esse é o risco de todo o setor. Em qualquer setor, vender um produto a um determinado preço ou a sua metade, tem impactos muito importantes… Na logística, em todo o manuseamento do aço e, por isso, se o aço voltar a níveis muito baixos, toda a geografia no setor da Europa mudará muito. Está tudo em aberto. Mas é realmente um grande desafio que o nosso setor tem pela frente.
Qual o segredo para o sucesso da Antero e Cª?
Trabalho (risos). Não há uma fórmula. Tem que se estar atento ao mercado todos os dias, perceber as mutações, porque é um mercado e um setor muito dinâmico. É preciso dar toda a atenção ao cliente, ver o que ele quer e tentar melhorar. No fundo, é como qualquer negócio. Tem muitas áreas de risco, portanto temos de estar sempre muito atentos. Quando estamos a comprar, temos de tentar antecipar riscos, porque se compramos mal, afeta o negócio e a venda. Há um espírito de autocrítica que se está permanentemente a adaptar ao mercado. É o trabalho a que nós chamamos, internamente, o trabalho de formiga. Não é feito com grandes mudanças, mas percebendo que este cliente tem este consumo, o outro tem aquele, que temos que melhorar aqui e ali, porque é que este cliente não comprou… É todo este trabalho de dia a dia, que dá trabalho. É um trabalho pequeninho, não é nenhuma fórmula, nem uma varinha mágica. Não há nenhum dado como adquirido. Quer dizer que amanhã chegamos aqui e os desafios são diferentes. Há que estar sempre em cima do mercado, sempre a trabalhar. É um bocadinho por aqui.
E há algum projeto, alguma novidade para o próximo ano? Estão a pensar em alguma coisa?
Dentro desta filosofia, temos projetos na renovação da frota logística. Temos feito algumas alterações, no tipo de camião que utilizamos, por exemplo, e muitos investimentos a nível informático, como é o caso da loja online, para nos aproximarmos do cliente. Há ainda algumas melhorias que vamos fazendo, para prestar algum serviço adicional ao cliente e alguns projetos a nível informático. Nada de bombástico, mas pequenos projetos que todos os dias vamos melhorando.